Do tamanho de uma noz, pesando cerca de 20 gramas, a Próstata situa-se na base da bexiga e circunda a uretra. Sua função é produzir uma parte do sêmen. Os problemas da próstata são muito comuns e atingem desde o homem jovem até o mais idoso, predominando a partir dos 45 anos.
Hoje, estima-se que um a cada dez homens vá desenvolver o câncer de próstata durante algum momento da vida. Outras estatísticas afirmam que, com 50 anos, um em cada quatro homens apresenta células cancerígenas na próstata. Aos 80 anos, esta relação cresce para 1 em cada 2.
No Brasil, a doença é responsável por sete mil mortes ao ano. De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de próstata é a segunda causa de morbidade entre os homens perdendo apenas para o câncer de pulmão. São poucos os que buscam auxílio médico no momento adequado. No entanto, apesar da chance de os homens desenvolverem câncer de próstata ao longo da vida, somente 3 deles morrerão por causa da doença.
Na maioria das vezes, o responsável pela não realização da prevenção pelos homens é realmente o medo do toque retal, o mito e a fantasia de que perderão a masculinidade. O homem por natureza já tem dificuldade de procurar ajuda. Por exemplo, se forem problemas sexuais, ele demora até 5 anos para contar que está com impotência ou outros problemas de ereção.
No consultório esta resistência é maior entre os idosos. Os mais velhos demoram a procurar ajuda porque acham tudo normal para idade. É normal para eles urinar com jato mais fino e perder um pouco a ereção. Só que em conseqüência disso, eles vão adiando até a hora em que param de urinar ou tem sangramento. Aí vão parar no pronto socorro.
Além do câncer, o homem pode ao longo da vida desenvolver outras doenças comuns na próstata. Facilmente controláveis, desde que o tratamento se inicie com o diagnóstico correto feito, em geral com o auxílio do toque retal e de exames complementares a critério do urologista. “O grande problema é que muitas doenças e, entre elas, principalmente o câncer de próstata não apresentam sintoma algum na fase inicial. No tumor maligno da próstata, o paciente espera pela dor, para procurar um médico e isso permite que o tumor se dissemine. É preciso lutar contra o preconceito de muitos homens e fazer com que busquem a prevenção a fim de evitar sequelas graves”.
POSSÍVEIS CAUSAS
Não se sabe ao certo o que causa o câncer de próstata, porém sabe-se de alguns fatores, tais como transmissão genética e hormônios (pode ser hereditário em 5 a 10% dos casos, chegando a 8,2% de chance para o indivíduo que tiver a predisposição familiar por descendência de famílias de portadores de Câncer de próstata). A incidência aumenta com a idade, principalmente a partir dos 50 anos.
Numa primeira fase, surgem lesões pré-malignas atípicas que não se sabe bem o eventual potencial. A testosterona age incentivando o aumento do tumor. Neste período, o tumor é passível de cura, pois está confinado à próstata. Na fase seguinte, o tumor se dissemina e adquire capacidade de produzir metástases em outros órgãos, sendo em primeiro lugar estão os ossos, os pulmões e o fígado. Se o urologista notar qualquer alteração pétrea da próstata, ao toque retal, mais uma alteração do PSA (antígeno prostático específico – sangue) ele vai pedir uma biópsia para confirmar o diagnóstico. Hoje são retirados vários fragmentos, o ideal é que sejam pelo menos 12. Outro exame bastante importante é o Antígeno Prostático Específico, do inglês PSA, que mede uma proteína produzida normalmente pela próstata. Se este estiver aumentado, indica que pode haver algum tumor, quer seja benigno ou maligno. Este exame também é bastante útil para detectar reincidência da doença após o tratamento. Para se determinar a extensão do tumor, pode ser solicitada uma RNM.
EXAME DO TOQUE
É preciso deixar o paciente o mais confortável possível. O exame é rápido (de 5 a 30 segundos), e indolor (usa-se lubrificante). É preciso antes uma boa conversa para tranquilizá-lo e quebrar os medos e mitos. O médico procura sentir os sulcos da próstata com o dedo. Neste momento dá para perceber o tamanho e a consistência. Geralmente, a próstata deve ter a consistência fibro-elástica. Se houver algo duro, ali no meio, já pode ser um sinal de nódulo canceroso. Às vezes, a próstata que não tem câncer pode estar com alguma anormalidade como a Hiperplasia Benigna da Próstata.
Medo Masculino
A primeira coisa que o homem pensa quando sabe que está com câncer de próstata é se vai ficar impotente, a segunda é quantos anos ainda tem para viver e a terceira se causará incontinência urinária.
Menos Mortes
Atualmente o risco de um homem ter esse câncer é da ordem de 15%. A partir de 1997, quando aconteceram campanhas de prevenção e maiores investimentos do meio médico, dos órgãos públicos e da mídia na divulgação da prevenção como melhor método para evitar a letalidade deste câncer, os dados apontaram para uma diminuição nos casos de mortes em consequência do câncer de próstata. Os homens começaram a procurar ajuda no estágio inicial da doença quando pode ainda ser operado e curado. A descoberta de um tumor numa fase precoce e em um indivíduo jovem (com menos de 55 anos) possibilita alto grau de cura, quase 90% em 10 anos. Recomenda-se que o exame retal seja feito em todos os homens acima de 50 anos, anualmente, como parte do exame médico de rotina. Se houver algum caso confirmado na família, esta prevenção deve ser semestral e iniciar-se entre 40 e 45 anos.
Tratamento
Após o estadiamento do tumor, se ele for localizado só na próstata, não ultrapassar as bordas e não tiver doença à distância, e dependendo do grau de diferenciação do exame da biopsia, da idade do paciente e das comorbidades, pode-se optar pela cirurgia radical (prostatectomia radical), pela radioterapia externa, pelo implante de sementes radioativas ou pela observação vigilante sendo que a primeira opção ainda é 50% melhor nos tratamentos do câncer confinado à próstata.
Nos pacientes submetidos à cirurgia radical, com menos de 55 anos, que não tiveram tumor palpável ao toque, pode-se conseguir de 80 a 85% de preservação da potência. Por outro lado, nos pacientes com mais de 65 anos, com doença palpável bilateral, raramente é possível manter-se a potência no pós-operatório.
Sylvia Faria Marzano – Médica Urologista e Terapeuta Sexual.